sexta-feira, 6 de abril de 2007

Vírus

Confiei-te um segredo: o meu respirar. Disse-o meu, disse-me recuperada e dona de mim. Mentira mais bonita não podia haver, não fosse ter-me esquecido de me convencer disso.
Rasgo-me todos os dias em dores por pensar varias vezes que penso demais. E penso-nos assim no meio do caos em que teimas esconder-te - sentimento todo tu indefinido.
Purgatório doloroso este. Sentia mais um pouco e era feliz, sentia um pouco menos e tinha paz. Sinto assim e enlouqueço no pulsar constante desse rosto pouco revelado e do outro mal apagado - duas portas entre-abertas.
E os cheiros... O teu, o dele, o meu? Todos eles contaminados. Sou toda vírus.
Náuseas.
Dor.
Caos.
Cheiros.
Portas.
Fechem-se.
Por favor.

3 demências:

Anónimo disse...

? :'(

Sílvia disse...

A violência de existir... E damo-nos, todos nós, inteiramente, à náusea das duvidas, ou medos, ou cobardias, ou... desesperos. Tu és a cura para a doença que provocas em ti; o antídoto para o veneno que sentes ser. E tudo nos leva, uma vez mais, ao tão mencionado renascer. Já agora, Joana, o renascer a que me refiro em "Anemia" foi o primeiro de todos, o mais doloroso e brutal.
Espero que respires novamente sem o odor, como dizes, contaminado do singelo acto de existir.
um beijo

Demian disse...

Todos os vírus têm um ponto fraco, só tens de o descobrir e atacá-lo implacavelmente, com a frieza suficiente para não te deixares cair na tentação (fácil) de por ele te deixares absorver, aos poucos, até que de ti (ou de vocês), nada reste...
Olha para trás e verás que não é nada de novo, porventura... Já venceste outros (vírus, como lhe chamas) anteriormente, este é só mais uma prova de fogo, como tantas outras que provavelmente já tiveste ao longo da vida, conscientemente ou não...
De que sairás vitoriosa, uma vez mais, ninguém deverá duvidar... Nem tu.

Um beijo...