domingo, 15 de abril de 2007

Gato preto pingado de branco

[Como um]
Gato preto pingado de branco,
Esse sofrimento disfarçado
- sempre -
De pensamentos plastificados.
Admoestrado pela vida - suada de medos -
Uma doente
Coisa infeliz...
Os olhos turvos de sangue,
Esventraram-lhe o respirar.
A potrefação dos sonhos - como fede!
Cuspiram-lhe as asas fora,
É gato - não precisa.
O céu dos pássaros fica mais distante que eu do mundo.
Liberdade disparada à queima-roupa.
Saudade meticulosamente pregada ao peito
[O meu].

2 demências:

Unknown disse...

já há algum tempo que não passava por aqui. li os textos que ainda não tinha lido, reli os que já conhecia. estão muitos belos e intensos. aproveito também para deixar aqui o link do meu novo blog http://rascunhos-amarrotados.blogspot.com
fico à espera da tua visita. um beijo

Anónimo disse...

Essa tua aparente tendência de efectuar analogias de ti mesma ou dos teus sentimentos, transpondo-os para seres ou objectos exteriores a ti, disfarça esse sofrimento vivido, os pensamentos mascarados por detrás de tão subtil metáfora. Também tu, tal como esse gato não precisarás de asas..pois somos nós mesmos que nos tornamos anjos ou demónios de acordo com as nossas atitudes. (Gostei da linha de fundo de melancolia e revolta que une este teu texto, confere-lhe uma vida latente quase inpalpável mas sempre presente).
É irónico como, por vezes, um poema em vez nos libertar nos encerra ainda mais em nós próprios...
Beijo