domingo, 24 de junho de 2007

Desejo[-te]

(Porque desejo...)
Adormecer assim perto duma janela entreaberta para a morte de mais um dia que deixa nascer quente a brisa duma nova noite. Refugiar-me naquela cama perfeita que - redoma de vidro - me salva da cidade envelhecida e enervada pelo pulsar aflito de tantas vidas caóticas. Tantos os prantos, tantas as dores, tantos os gritos... Porque eles não sabem como, porque eles não sabem de nós, porque não te tiveram a ti.
Deixar-me fluir em sonhos e ser obrigada a inalar o odor irresistível da tua presença, dos passos que te aproximam ecoando baixinho, por onde floresces, natural, Lótus que és.
Ter os teus olhos fixos nos meus, e logo ali sabe-los meus, como já os sabia antes, desde sempre aliás.
Permanecer num momento livre de segundos em que deixas uma carícia no meu corpo dormente, pousas um beijo nos meus lábios e mordes um sussurro no meu pescoço.
Sentir aqui e agora esse ar quente de veludo que suspira um arrepio pelas pernas e pelos braços que não temos, porque somos Vento e Fogo.
Ver-te soprar o meu calor e abrires-me em desejos de ti que de tão inevitáveis reavivam os corpos que flutuam sozinhos... [Porque se amam]


E é então que me fazes mulher em ti.