quinta-feira, 3 de julho de 2008

O Tigre e a Neve

O destino perde o seu rumo quando se fazem pactos de morte. O mundo continua a sua roda e ninguém dá por isso. Mas eu. Mas nós. As noites mais lentas, as horas mais pegajosas, a vigília. O cheiro. O teu cheiro. Sempre o teu cheiro que me queima. O sono toca e foge, e a lembrança permanece. Aqueles momentos. Todos eles. E a culpa. Tanta culpa. Uma vida de negligência e quem diria que nunca mais adormeceríamos da mesma maneira. Mas há um dia, há sempre um dia, por mais que penses que não, em que o coração cede e a indiferença cai. E da queda nasce a neve. De repente, no tempo de uma respiração, um tigre ali deitado. Uma eternidade de esperança, um segundo de existência. Tu nunca sabes. Ninguém sabe. Um segundo vale sempre a pena.

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